Nas nossas duas sinas tão contrárias Um pelo outro somos ignorados: Sou filha de regiões imaginárias, Tu pisas mundos firmes já pisados. Trago no olhar visões extraordinárias De coisas que abracei de olhos fechados… Em mim não trago nada, como os párias… Só tenho os astros, como os deserdados… E das riquezas e de ti Nada me deste e eu nada recebi, Nem o beijo que passa e que consola. E o meu corpo, minh’alma e coração Tudo em risos pousei na tua mão!… …Ah! como é bom um pobre dar esmolas!… (Florbela Espanca)
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Rubem Alves
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As razões do amor "Os místicos e os apaixonados concordam em que o amor não tem razões. Angelus Silésius, místico medieval, disse que ele é como a rosa : "A rosa não tem"porquês". Ela floresce porque floresce." Drummond repetiu a mesma coisa no seu poema As Sem-Razões do Amor. É possível que ele tenha se inspirado nestes versos mesmo sem nunca os ter lido, pois as coisas do amor circulam com o vento. "Eu te amo porque te amo..." - sem razões... "Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo." Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fosse assim ele flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra. "Amor é estado de graça e com amor não se paga." Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que "amor com amor se paga". O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais. Nada te devo.
Não basta
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Se eu vejo um carro igual ao seu, já prendo a respiração. Se lembro de um momento bom, logo lembro que você o estragou em seguida. Por que será que gosto de você? Será pela sua bunda? Ou o medo da solidão? O azar ou a preguiça? Ou ainda suas más atitudes? Já não sei mais. Já não gosto mais. Sabe quando você encosta em alguém, pega na mão e sente uma energia? Sabe quando essa energia, sozinha, já não é mais suficiente? Sabe quando você quer apagar alguém, sem deixar o mínimo traço? Sabe? A programação da TV no domingo é a minha tortura. A solidão das noites, meu açoite. Um cigarro a mais, mais um punhado de terra, gosto menos de você. O que me consola é que sua cama, em algum momento, fica vazia. O que me entristece é que a minha também. Respeito não sai de moda. Moda não exige respeito. Não respeite a moda. Fútil e sem vergonha. Inútil e inexperiente. Forte e falso. Magro e transparente. Leve e condenado. Gordo e che
Diálogo dos amantes
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- Você já amou? Amar de verdade, só pela beleza do gesto? - Sim, eu já amei. Pela beleza do gesto. - Você já mordeu? A maça com todos os dentes? Pelo sabor do fruto, pela doçura e o pelo gosto? - Também, mas a maça era dura, e quebrei os dentes. Essas paixões rápidas, imaturas. - Mas o beijo maduro apodrece-nos a língua. - Ao querer amar, pela beleza do gesto, o verme da maça nos escorrega entre os dentes, rói o coração, o cérebro e o resto. Esvazia-nos lentamente. - Mas quando ousamos amar, pela beleza do gesto, esse verme da maçã, que escorrega entre os dentes, toca-nos o coração, o cérebro e deixa o seu perfume lá dentro. (quote les chances d'amour)
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Este blog já não existe mais. Nem sei para onde a autora foi. Eu a acompanhava em silêncio, mas agora revelo alguns textos que salvei. Mea Culpa. Texto 1 cap. III Ela entrou e despejou todas as coisas que tinha na mala em cima da mesa. Procurava algo e o facto de não o encontrar deixava-a nervosa. Da sua mesa ele via os olhos dela a brilharem. Ía chorar. Logo de seguida toda aquela agitação parou, tinha encontrado o que procurava. Um papel dobrado em quatrou ou seis partes que ela, apesar de toda a pressa de há segundos para o encontrar, lentamente desdobrou. Seria talvez uma carta, à medida que os seus olhos mudavam de linha ora sorria ora um choro temia iniciar. Quando acabou pediu um café e saíu. O papel ficou esquecido na mesa. Ele levantou-se e pegou nele. "Amo-te, mas não posso mais. Adeus". (http://marieeleanor.blogs.sapo.pt/77844.html) Diálogo 2 - Já compraste as batatas e o arroz? - Já e gosto de ti... - O arroz não era deste, eu disse-te que era arroz agulha! - Desc